Varizes

Varizes são veias dilatadas (com diâmetro igual ou superior a 3mm na posição em pé), tortuosas e muitas vezes aparentes, principalmente nos membros inferiores (pernas e coxas). A prevalência de varizes na população brasileira em geral em muitos locais chega a cerca de 50%, sendo estatisticamente maior em mulheres do que em homens.
As varizes podem ter diversas causas, podendo ser primárias, secundárias (pós trombóticas ou pós traumáticas) ou até congênitas.
As varizes primárias têm fatores desencadeantes ou agravantes como os seguintes:
- Hereditariedade (o fator genético é o principal ou um dos principais fatores na etiologia das varizes);
- Postura predominante no trabalho (ficar longos períodos em pé ou sentado – ou seja, com as pernas para baixo predispõe mais ao aparecimento das varizes);
- Idade (quanto maior a idade, maior a prevalência das varizes);
- Gênero (as varizes são mais comuns em mulheres);
- Etnia (as varizes são mais frequentes em brancos);
- Obesidade (as varizes têm maior prevalência em pessoas com maior índice de massa corporal);
- Número de gestações (em geral quanto mais gestações, mais varizes).
Ao contrário do que muita gente pensa, as varizes não são apenas um problema estético, mas também funcional, sendo uma patologia que apesar de benigna, pode vir a causar uma série de complicações graves aos seus portadores. Dentre essas complicações podemos destacar a trombose venosa superficial (TVS) ou tromboflebite, a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP). Ainda, a cronicidade da doença varicosa, associada a eventuais tromboses podem levar à IVC (insuficiência venosa crônica), que pode acarretar alterações tróficas na estrutura e no aspecto da pele e dos tecidos abaixo desta pele nas pernas, conhecidas como dermatite ocre (manchas escuras - acastanhadas) e lipodermatoesclerose (afinamento da espessura da pele e do subcutâneo). Assim, facilitando a ocorrência de úlceras varicosas (feridas) nas pernas. Estas feridas podem, por sua vez, transformar-se numa lesão infectada, necessitando muitas vezes de antibióticos e tratamentos mais invasivos, como desbridamentos cirúrgicos.
Dessa forma, a prevenção sempre será a melhor forma de evitar essas complicações. E como podemos nos prevenir? Realizando atividades físicas preferencialmente diárias e utilizando meias de compressão elástica, o que fará a “bomba” da panturrilha (que é o “coração da perna”) trabalhar mais e de forma adequada, para ajudar a levar o sangue das pernas para o coração evitando o acúmulo de sangue nas veias dos membros inferiores. Consultar com um(a) cirurgião(ã) vascular é de fundamental importância para que o(a) mesmo(a) possa conversar, examinar e verificar uma eventual necessidade de realização de exames complementares de imagem como, por exemplo, o Ecodoppler Venoso dos Membros Inferiores, para o correto diagnóstico e direcionar um possível tratamento para o caso de cada paciente.
Os tratamentos das varizes podem ser clínicos – através do uso de meias de compressão elástica, realização de atividades físicas regulares e medicações flebotônicas - ou ainda, podem ser tratamentos “invasivos”. Nestes, incluem-se técnicas como a cirurgia de varizes, a microcirurgia ou miniflebectomia, o laser endovenoso, a radiofrequência, o laser transdérmico, a escleroterapia com espuma e a escleroterapia líquida.
Hoje em dia, cada vez mais, temos utilizado métodos híbridos de tratamento, associando-se geralmente mais de uma destas técnicas para um melhor resultado terapêutico de acordo com as necessidades e características de cada paciente.
Todos esses métodos ditos “invasivos” – apesar de a maioria deles ser, na realidade, bem pouco invasivos (ou minimamente invasivos) – têm por objetivo excluir essas veias (grandes ou pequenas) da circulação. Mas e essas veias não farão falta para o nosso corpo? Geralmente, na imensa maioria das vezes, não! As veias varicosas (não safenas) jamais farão falta. As veias safenas mais calibrosas e insuficientes também não, visto que o ideal não é utilizar uma veia doente para a realização de uma “ponte de safena”, por exemplo. Além disso, nossos membros inferiores apresentam mais de uma veia safena em cada membro. Ainda, também pode-se lançar mão de outras veias do corpo para a realização de uma eventual “ponte”. Também, atualmente, os métodos de cateterismo (menos invasivos) estão cada vez mais avançados e cada vez mais evitando-se a necessidade de procedimentos mais invasivos como as “pontes” de safena – tanto no coração como nos membros.
Quando realizamos esses tratamentos para as varizes anulando essas veias varicosas da circulação, o sangue automaticamente flui melhor por outras veias que se encontram saudáveis e não mais por aquelas doentes, evitando-se a estase do sangue (ou seja, o sangue ficar parado) naquelas veias varicosas, melhorando muitos sintomas nas pernas como dor, ardência, sensação de peso, cansaço, edema (“inchaço”), prurido (“coceira”), dentre outros. Ainda, realizando esses tratamentos também prevenimos que o sangue coagule dentro dessas veias por ficar muito parado nelas, o que pode acarretar numa eventual trombose.